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boa leitura!

Hotel racista - um caso em Atlanta



Aconteceu em uma viagem que fizemos aos EUA a qual iríamos fazer escala em uma cidade chamada Atlanta (estado da Geórgia). Estávamos retornando de nossa viagem de quase 20 dias e ficaríamos 1 dia em escala naquela cidade. Aproveitaríamos para conhecer a famosa cidade, onde viveu Martin Luther King e foi sede de uma Olimpíada. Decidimos escolher o hotel pelo site mesmo, durante a viagem, quando estávamos em San Diego, dois dias antes de partirmos de volta ao Brasil. A escolha do hotel foi tranquila, pelo site Hotel.com. Havíamos tido uma boa experiência em hotéis naquela viagem através deste site, então resolvemos fazer isso novamente, estando lá naquele país.


Não gosto de reservar hotéis em cima da hora porque sempre existe a possibilidade de não acharmos o que estamos buscando, mas desta vez fizemos isso. Era óbvio que as boas ofertas já estavam esgotadas, então partimos pra hotéis mais baratos e simples já que iriamos ficar só uma noite, apenas pra dormir mesmo. A escolha não poderia ter sido pior: escolhemos o hotel pelo preço e por ser próximo do aeroporto, já que iriamos chegar às 21h cansados. Enfim, o hotel era um lixo.


Para quem não sabe, Atlanta é uma cidade com cerca de 80% da população de origem negra. Nunca tivemos problemas com relação a isso, por isso nem pensamos se iríamos estar em um bairro de negros ou brancos – esta questão jamais passaria por nossas mentes. Acontece que lá nos EUA o racismo é muito forte e presente na vida das pessoas – tanto da parte dos brancos com relação aos negros quanto o inverso. E pudemos sentir isso na pele quando chegamos ao hotel, em um bairro de negros, sem sabermos...

Ao fazermos o check-in achei bem estranho só nós dois brancos na recepção – ainda não sabia que estávamos num bairro de negros e toda a questão do racismo daquela cidade. Mas tudo bem, qual o problema? A questão era que todos ficavam nos olhando – meio que encarando mesmo – como se tivessem a mesma pergunta na cabeça: “ o que estes branquelos estão fazendo aqui no nosso hotel?” . O rapaz da recepção atendia a todos – uma fila bem grande – nos deixando por último. E quando foi a nossa vez não havia reserva! Ficamos muito tensos – o que era aquilo? Já era quase meia-noite e a gente ainda ali na recepção... Me poupe né?


Depois de muitos telefonemas para o Hotel.com, conseguimos resolver com a ajuda de um senhor negro que estava na fila. O único simpático, que nos olhou como seres humanos e não como um ser de outro planeta. Ele nos emprestou seu humilde celular para fazermos as ligações – uma pessoa humilde e caridosa. Fiquei profundamente tocada e agradecida por aquele anjo ter nos encontrado. Tudo resolvido, fomos direto pro quarto com cheiro e marcas de cigarro por todos os lugares. Pra quem não é fumante, já imagina o quanto odiei aquele cheiro. Não dormimos direito por conta do frio que fazia naquele mês de fevereiro, o quarto não tinha calefação funcionando – uma porcaria.

Logo que amanheceu nos arrumamos pra cairmos fora logo daquele lugar. Mas havia o café da manhã incluso – vocês já imaginam o nível deste café da manhã, né? Eu nem queria experimentar mas resolvemos tentar. Ao entrarmos na pequena copa, onde estava sendo servido o café da manhã, eis que a galera toda que estava por lá, começa a nos encarar novamente. Desta vez eles foram mais discretos, mas sentimos o racismo e foi uma experiência interessante, pois passamos a entender de fato o que é este sentimento absurdo que muitas pessoas têm só porque o outro tem a cor da pele diferente ou uma raça diferente...


Enfim o papo aqui é sobre a experiência ruim com relação ao atendimento, então a cereja do bolo foi quando meu marido pediu um cup cake a mais e a atendente falou que já havia se esgotado. Meio contrariado meu marido voltou pra nossa mesa, e continuou comendo seu pãozinho (bem ruim, pra falar a verdade) e o suco de laranja. Pouco tempo depois vimos a mesma atendente toda sorridente para um dos hóspedes que estava sentado bem ao nosso lado. Ele pediu a ela mais um cup cake pois, como já havíamos sinalizado, não tinha mais no balcão. Ela então foi a um armário lotado de cup cakes e entregou ao homem com toda a simpatia.


Saímos de lá bem contrariados, mas não perdemos muita coisa. Vimos que o atendimento ruim acontece em qualquer lugar do mundo e é algo que precisa ser melhorado, e muito!


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